Angel Vianna se reinventa em “Qualquer coisa a gente muda”



“Eu amo viver e quanto mais eu danço, mais jovem eu fico”, foram essas as palavras de Angel Vianna para explicar de onde vêm sua vitalidade e seu vigor. Com 83 anos de idade, sendo 63 de carreira, Angel explica que conhecer o corpo é uma forma de saber utilizar o instrumento que se tem às mãos. “O seu corpo é o seu instrumento, quanto mais você move, mais ele te dá resposta”, afirma ela, com a energia e a felicidade de quem ama o que faz.

Sem poupar sorrisos e simpatia, Angel, mesmo depois de 40 minutos de espetáculo, contou um pouco de sua trajetória. Ao lado de Maria Alice Poppe, ela falou sobre o que a motiva (a dança), a importância do corpo e o segredo de sua vitalidade.

Angel afirma que desde criança teve grande curiosidade pela execução de movimentos. Atualmente, fala com naturalidade sobre o corpo-ferramenta, no sentido de este ser o objeto a que todos podem explorar de acordo com sua necessidade.

A professora lembra a quantidade de pessoas que querem conquistar objetivos e não conseguem, pois não sabem educar o seu corpo para isso. “O grande instrumento da vida é o nosso corpo, quanto mais você o conhece, melhor é o resultado”, afirma, com a sabedoria de uma mulher que tem completo domínio e fascínio sobre o assunto. O que explica de alguma forma, como ela mantém tanta energia.

Renato Mangolin/Divulgação
O espetáculo apresentado no FestiArte, ‘Qualquer Coisa a Gente Muda’, nasceu como homenagem a  Angel, que é uma das mais importantes figuras da história da dança no Brasil. O projeto surgiu em Belo Horizonte, em um encontro de dança, onde ela foi convidada a participar de mais um espetáculo. Dessa vez, porém, ela não quis subir ao palco sozinha e para isso convocou Maria Alice Poppe e João Saldanha para acompanhá-la.

Maria Alice Poppe é amiga de Angel e foi sua aluna por algum tempo. A discípula deixa claro a quem deve parte de seu aprendizado. “Eu descobri a dança, o prazer de dançar, o corpo, com a Angel, na escola dela”, diz. Maria Alice tem, no palco, expressões fortes e emocionantes, fruto do intenso trabalho de consciência corporal adquirido ao longo da carreira, o que dificulta o desvio de atenção a cada movimento. A conexão estabelecida entre as duas, em cena, é muito forte, o que torna a montagem ainda mais visceral.

João Saldanha atua como diretor, e foi peça fundamental na montagem e coreografia do espetáculo. Em tom bem humorado, Angel explica que o  nome do espetáculo surgiu quando da ansiedade de João pela escolha de um título para a montagem, a que Angel Vianna respondeu: “Não tem problema, qualquer coisa a gente muda”, e assim ficou.

O espetáculo já foi apresentado em diversos estados brasileiros e é sucesso por onde passa. O motivo é claro: ver grandes bailarinos em cena pode ser um exercício de aprendizado, não só entre os envolvidos com o ofício, mas para todos os que querem ser tocados.

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