Quando Shakespeare chega à contemporaneidade



Foto: Lucas Formiga/FestiArte
Quantas vezes vimos Shakespeare sendo encenado, parafraseado ou parodiado no teatro, no cinema e na televisão? Quantas outras vezes ouvimos discursos versando sobre a ‘escola’ shakespeariana, fundada na Inglaterra do século XV? Seja em tom de cordel, estética clássica, sóbria, com clowns ou usando-se objetos, o inglês é o dramaturgo mais encenado e comentado em todo o mundo.

Há quem diga que não há mais espaço para a retomada de um texto como Macbeth, Ricardo III ou Sonho de uma Noite de Verão. Essa não é a opinião de João Fonseca.  Tendo trabalhado com diretores como Antônio Abujamra e Gabriel Villela, o ator e diretor resolve encenar um dos textos mais comentados de toda a história do teatro ocidental, sucesso absoluto tanto em palcos elisabetanos de renome no mundo quanto em uma formatura de escola de alfabetização.

João passa por Romeu e Julieta aplicando-lhe características compatíveis à peculiaridade cultural brasileira. R&J de Shakespeare – Juventude Interrompida, em quase duas horas de encenação, toma a forma de um jogo de cena, no qual personagens muito bem construídos são explorados em uma dinâmica intensa.  O texto desafia os atores a vivenciar características díspares em curtos intervalos de tempo.

Quatro jovens estudantes de um colégio de formação repressora unem-se em um intervalo de aula para encenar Romeu e Julieta. Os quatro revezam-se entre os personagens originais de William Shakespeare, dialogando com suas próprias limitações ou despojamentos para encarar determinadas cenas, diálogos, personagens e situações.

Foto: Lucas Formiga/FestiArte
O texto original é de Joe Calarco, foi escrito em 1997, e obteve grande sucesso nos palcos de Londres e no circuito off-Broadway, à época. Considerava-se a montagem e a construção de personagens tão ousada quanto a própria ideia de se adaptar Shakespeare depois da quantidade de montagens já feitas. O responsável pela tradução de Shakespeare’s R&J para o Brasil é Geraldo Carneiro.

A encenação de João explora a multifuncionalidade de objetos escolares. Réguas de madeira tornam-se espadas, mesas são janelas e em quadros negros são desenhadas as estradas a se percorrer ou uma igreja. O figurino, bastante versátil, é dobrado, amarrado e deslocado de várias formas, pontuando a mudança de personagens e a orientação do espetáculo. E a música é outro destaque da montagem, mesclando hits de boate e o rock inglês, que remete às origens do texto e aos objetivos da encenação.

Com R&J Shakespeare – Juventude Interrompida, os atores João Gabriel Vasconcellos, Felipe Lima, Pablo Sanábio e Rodrigo Pandolfo situam um texto clássico na contemporaneidade, aproximando-o de um público amplo sem que as características fundamentais do enredo sejam perdidas.

Hoje é o último dia para conferir o espetáculo, em cartaz na Sala Martins Pena, com sessões às 18 e 21 horas. A retirada de ingressos acontece a partir das 14 horas no Teatro Nacional.


Um comentário:

Anônimo disse...

Peça ótima! Os caras são muito bons! Você acha que vai ser aquela mesma encenação de Romeu e Julieta de sempre e de repente somos surpreendidos! Gostei muito.. Ótima dicção, tom de voz, luzes... Nossa, espetáculo explendido!