A saudável nostalgia de Oswaldo e Madalena


Oswaldo Montenegro é o poeta da saudade. No último domingo, 29 de janeiro, o cantor e compositor subiu ao palco da sala Villa-Lobos do Teatro Nacional com a Orquestra Filarmônica de Brasília. Junto à flautista Madalena Salles, sua maior parceira musical e inspiração de toda a carreira, o músico apresentou grandes sucessos da carreira, que já tem mais de 30 anos.

Tudo começou em Brasília. Nascido no Rio de Janeiro e tendo sido criado em São João Del Rey, Oswaldo viveu parte de sua juventude na capital. Aqui conheceu Madalena e tudo o que poderia levá-lo aos palcos definitivamente. “A cidade estava por se fazer. Tive uma oportunidade ímpar, aqui, de preencher espaços; tudo era espaço. A gente fazia teatro e música de uma maneira pioneira”, diz o cantor.

Na cidade, montando espetáculos ou compondo para amigos, Oswaldo Montenegro pode conhecer grandes amigos para a vida, como Zélia Duncan ou Cássia Eller. Segundo Madalena, ainda são mantidos os contatos com as pessoas que se tornaram profissionais das artes. “Quando nós morávamos aqui, trabalhávamos com amadores que ansiavam por fazer algo em Brasília”, comenta a flautista.

Foto: Rita Vicente
Mesmo não tendo mantido relações com quem trabalhou, Oswaldo é tido como patrimônio da cidade. As canções de musicais como “Veja Você Brasília” ou “Léo e Bia” são hinos candangos passados através de gerações. Hoje, nem o cantor, nem a flautista, conhecem mais Brasília. Madalena não consegue compreender as mudanças da cidade. Já Oswaldo se diz obsessivo pelas mesmas coisas, em Brasília: “eu sempre encontro as mesmas pessoas e vou pro mesmo lugar. Antes daquele Pontão existir, eu não me lembro nem pra onde eu ia”, comenta.

Os tempos de desvendar a cidade já passaram, mas não o afeto pelas canções, nem por parte do público, nem pelo autor. Das faixas mais novas aos clássicos, tudo foi aplaudido com veemência pelo público. A sala do teatro estava lotada e a receptividade foi ainda maior. Sobre a sala Villa-Lobos, Oswaldo diz: “É emocionante estar aqui. Eu já vim tantas vezes e em tantas épocas diferentes da minha vida. Lembro-me, principalmente, de situações afetivas nesse teatro”.

Com muitas piadas entre as canções, Montenegro conquista o público. Nas interpretações, saúda a todos com canções de tom saudoso. Assim é o poeta: versa sobre saudades, traduzindo-a entre bons e maus sentimentos. Sua relação com Brasília, talvez, esteja ligada a uma nostalgia que está presente em toda a cidade, na projeção de um futuro tão instigante quanto o tempo em que Oswaldo viveu por aqui.

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